Migrando Andorinhas e Saudades

À medida que a minha aventura portuguesa chega ao fim por mais um ano, tenho emoções confusas sobre o meu regresso à Austrália. Houve experiências incríveis, momentos familiares especiais e despertares culturais que restauraram minha energia e paixão por todas as coisas deste lugar especial que chamo de 'casa'.

Também fico constantemente maravilhado e encantado com o amor, a energia e o talento dos artesãos aqui em Portugal que estão sempre a ultrapassar fronteiras na história, cultura e identidade. Cada viagem de volta a Portugal reafirma minha conexão profunda e comovente com meus ancestrais portugueses.

Cada viagem é diferente, novas experiências sempre evocam memórias antigas, ricas e às vezes desafiadoras, mas sempre sinto uma conexão verdadeiramente especial. Depois de anos vagando, viajando e procurando aventuras, experiências e respostas, estou em casa. É um sentimento reconfortante que sempre traz conforto e contentamento.

Minhas malas estão positivamente abarrotadas, cheias de descobertas emocionantes, nada mais do que meu súbito fascínio pela andorinha portuguesa. Durante anos, vi esses pássaros curiosos, oferendas de cerâmica pintadas à mão e me perguntei sobre seu significado. Alguns anos atrás, visitei um lugar interessante nas cordilheiras de Dandenong. Era um jardim esculpido por um artista local, cheio de referências totêmicas. Era um santuário pacífico e, embora eu não entendesse o valor espiritual dos totens na época, ainda me lembro da energia calmante que preenchia o jardim com esculturas de totens de madeira que nos cumprimentavam a cada curva frondosa.

De volta ao presente e ao meu súbito fascínio pelas andorinhas de cerâmica. Na semana passada, entrei numa loja de artesanato, numa das minhas habituais viagens à procura de novos produtos para a loja Ibérica, redescobri as andorinhas de cerâmica que tantas vezes tinha visto na minha juventude, adolescência e início dos 20 anos e antes andava passado. Desta vez, eles me chamaram a atenção e eu parei. Fiquei curioso e me perguntei sobre seu significado cultural. Comprei um par e observei como eles foram cuidadosamente embrulhados em papel pardo pela senhora da loja, enquanto ainda capturavam toda a minha atenção. Quando voltei para casa, procurei mais informações. E então descobri algo que tinha em comum com essa andorinha migratória.

Sempre leal, a andorinha migra anualmente, mas sempre retorna ao seu ninho 'casa', às vezes até viajando até 20.000 km. A andorinha é uma ave familiar, fiel e dedicada, engenhosa e aventureira. Eu imediatamente me conectei com essa ideia e encontrei conforto imediato na ideia de uma andorinha de cerâmica representando muito mais do que eu jamais poderia imaginar. Para mim, esta é a ideia de um totem e representa o que os portugueses chamam de 'saudades'. Para quem mora longe de casa ou da família, fica sempre a saudade e o pesar. A saudade pode chegar perto de descrever o sentimento, mas geralmente é mais profundo. 'Saudade' é um termo cultural que os portugueses criaram e desenvolveram legitimamente após séculos de correr riscos, aventuras marítimas e ponderações espirituais.

Saudade é uma palavra simples e com tanto significado que só quem sente de verdade consegue entender. Nenhuma outra palavra pode ser tão eloqüente ou reconfortante.

E para mim, enquanto aproveito minha última semana neste belo país e deixo minha família até o próximo encontro, encontro conforto em meus pássaros de cerâmica que me acompanharão de volta ao meu lar adotivo. Esses passarinhos simples carregam tantos gestos e sentimentos poéticos. Para mim, como a maioria dos souvenirs, eles carregam memórias, referências e conexões que sempre transmitem bons sentimentos. E assim deixo mais uma vez Portugal, com a certeza de que as minhas lembranças de andorinha me guiarão até à próxima visita 'casa'.